sexta-feira, 1 de novembro de 2013

A vida da Saudade


A Saudade quando desperta, se levanta da alma e toma banho de lágrimas.

Ergue os olhos inundados de aurora e sorri diante da estrada despejada aos seus pés.
Toma um gole de esperança, saboreia quimeras de fé.
Então, apanha um casaco de paciência. 
O frio percorre o vazio deixado ao abrir a porta.
Saudade não se despede da Solidão. Deixa-a entregue aos monólogos em que dorme.
É primavera e há flores ao longo da estrada.
O orvalho refresca os passos rumo ao seu destino.
Saudade sabe que sua natureza é morrer.
Deve morrer para dar vida e renascer quando a distância brotar das mãos de quem se vai.

Morrerá quantas vezes forem necessárias.
Morrerá na paz do reencontro.
Morrerá no calor de um abraço.
Morrerá na doçura de lábios se tocando.
Morrerá nas memórias revividas e reinventadas.
Morrerá na sina de sua própria ressurreição.

Ressurge das plataformas de embarque.
Ressurge da melancolia do adeus.
Ressurge das mãos que se soltam.
Ressurge do rompimento de laços.
Ressurge das cinzas da morte.
Ressurge da sina de sua própria necessidade de morrer.

(Sayaka Maruyama)



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