segunda-feira, 28 de outubro de 2013

A pá lavra!

Já reparou como algumas palavras se comportam de acordo com o que significam?
Nunca havia pensado nisso antes, mas ao dizer SORRISO e sentir meus lábios se abrindo e os cantos da boca tomando distância de um lado a outro, percebi que a palavra SORRISO confere o riso aos lábios. Diga SORRISO em frente ao espelho. Se puder articule exageradamente os lábios. Você flagrará um sorriso de fato, natural, inclusive.
SINCERIDADE traz exatamente a leveza que sentimos aos sermos verdadeiros (ainda que doa no outro). Tirar dos ombros a carga do incômodo é um alívio, o que só possível com sinceridade. Dizer SINCERIDADE elimina tanto ar durante a pronúncia quanto dizer a verdade elimina o peso na consciência.
(Leslie Ann O'Dell)
TOLERÂNCIA parece um pêndulo. A língua sobe e desce num baile de atitude e espera. Pronunciar TOLERÂNCIA nos faz compreender o que é aceitar o tempo necessário para concluir a fala e o pensar. Ao findar a pronúncia da penúltima sílaba, já não temos mais o desejo de impor nossa vontade, sem antes conhecer o que vai no pensamento alheio.
LUZ te projeta  tal como a lâmpada que se acende e espalha luminosidade sobre o breu imperante. O prolongamento impresso aos lábios quando se fala LUZ revela a verdadeira dimensão desta fonte de energia quando necessitamos de força, coragem, proteção.
LIVRO liberta.
PARTO rompe.
PERFUME volatiza.
ESTRELA revela.
CHORO molha.
PIANO cala.
MANTEIGA escorrega.
SILÊNCIO sossega.
E assim, uma infinidade de proposições podem materializar o pensamento numa palavra que se diga.
E deve haver uma cumplicidade entre palavra e poeta. O poeta sabe exatamente que palavra escolher para seduzir o leitor a enxergar o que ele quer dizer.
Amo as palavras pela oportunidade que nos oferecem de brincar com os sentidos, de dar forma ao pensamento e, ao leitor, o direito de edificar o que melhor lhe servir.

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