quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Por que às vezes eu não escrevo.

Não desejar escrever é prerrogativa da qual não abro mão.
Silenciar tem a mesma propulsão que a busca sedenta por palavras que relevem meus pensamentos, sentimento e crenças.
(Anka Zhuravleva)

O que me impele ao silêncio tem natureza similar ao que me empurra para a escrita.

Grito ao mundo me calando. Anuncio a quietude da mente forjando palavras.

Arranjos sentidos omitindo vocábulos. Preencho papéis em branco subornando o vácuo.

Cumpro o dever de me comunicar me servindo do direito de não escrever.

Há quem não viva sem se alimentar de letras, lidas e escritas.
Há quem idolatre o silêncio.
(Anka Zhuravleva)



Eu preciso dos dois. Dispostos equilibradamente nas extremidades opostas da gangorra que é a vida.

Não suportaria ganhar para escrever. Mas gosto de trabalhar tendo a escrita como ferramenta fundamental.

Entre o dizer e o calar, prefiro ler.
(Anka Zhuravleva)
Prefiro incursionar muda para emergir coroada de textos que dizem aquilo que vi, sem cobranças, sem prazos, sem convenções.

Nem sempre consigo morder a língua para que as palavras pulem lestas e radiantes da ponta em que se encontram.

Nem sempre olho para algo e construo hipóteses que digam o que não foi dito, que versem antíteses.
Posso escolher cantar, fotografar, mas esquivo de escrever quando me falta o latim.

Quando o pensamento é fluídico e o coração pulsa leve, as palavras brotam impulsivas, reverberam das edificações intelectuais que guardo na alma, frutos do que vivi, li, ouvi, senti.

Aí é uma festa só, tecida em muitas letras, significantes e significados que se desprendem assim que podem da autoria de quem escreveu.

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