terça-feira, 1 de maio de 2012

Prelúdio de inverno


Revirando antigos escritos (não tão antigos, escrevi  isto no dia 7 de setembro de 211), encontrei este que escolhi para inaugurar meu blog, porque sou sensível às mudanças climáticas, sejam elas meteorológicas ou temperamentais. Nem sei se blogs estão na moda, mas resolvi embarcar nessa...

Quando o sol está com sono, faz um frio imenso em meu coração. Para não perecer, ele se esconde nos recônditos do inverno a esperar que o derradeiro cristal de gelo se quebre. O meu sol tem o sono pesado.....será que restarão sementes para florescer? Se ele demorar a acordar, talvez fique o vago perfume da primavera de outrora, o eco das folhas outonais ressequidas ao pé cansado, o doce (que escapa da ponta da língua) refresco de abacaxi com hortelã do verão perdido no horizonte. Quando o sol acordar, se houver tempo, o pulso sorrirá para que meu coração reaprenda a cadência esquecida...se for permitido recordar, estarei aqui. Quando eu estava verão, meus olhos dardejavam luz. Sobre minha pele dourava, repousava o alvor napolitano. Por entre meus lábios havia um beijo fugidio. E veio o vento do sul.....soprou forte, atrapalhando meus cabelos. Outono? Não sucumbi à tempestade. Sofri uns arranhões de granizo. Não sabia se o que me molhava era chuva ou lágrimas. Ainda trago as roupas úmidas...enrugadas....encolhendo.... Por ora, ninguém ousa despertar o sol, porque alguém ousa enamorar a lua.....

(Tatiana Santos)

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