terça-feira, 30 de julho de 2013

"Eu canto porque o instante existe"

Porque cantar estabelece uma lógica de vida indispensável para que eu possa me entender....

Acho que é isso que responderia, se me perguntado fosse sobre a importância do canto para mim.

Quando canto, sinto entrar em contato com outro plano de existência: mais leve, benevolente, iluminado. Experimento uma sensação de prazer indescritível, algo que me aproxima das pessoas pelo que elas sentem de mais profundo e precioso.
Ao cantar construo as mais variadas imagens, viajo pelos mais insólitos lugares, mergulho no âmago mais oculto do ser humano, penetro nas formas mais complexas de pensamento, absorvo as manifestações culturais mais exóticas. Conheço o mundo. Incorporo o universo.
Mas é preciso que elas sejam desenhadas com pretensões sociais e intelectuais, que possam interagir com as instância racionais e emocionais do homem. Só assim conduzirão às experiências que mencionei anteriormente.
É preciso que a música também provoque dúvidas, desequilíbrios em relação às verdades que cultivamos, levando-nos a construções, desconstruções, novas construções, num movimento cíclico e dialético. Fazer pensar, refletir, pulsar, sentir, falar é uma das múltiplas funções de uma boa música.
A música pode dar conta de um momento histórica, de uma concepção política, de um posicionamento filosófico, de um patrimônio cultural. Pode ser um apelo, uma denúncia, um grito, uma lágrima, um sorriso.
E o que mais me intriga é a capacidade de revelar tudo isso metaforicamente, ocultando o conteúdo através de um jogo simbólico que mobiliza nossas interpretações mais subjetivas e diversas. (aliás como amante da língua portuguesa, considero as metáforas os recursos linguísticos que dão um tom todo especial às letras de música, transformando-a em poesia, em história, em manifesto, em parábola, em mito ou lenda)
A dimensão estilística da música não se delineia apenas por meio de ritmos e figuras musicais, mas também por vias contextuais, lexicais e semânticas. As palavras que compõem a letra de uma música têm participação decisória em seu estilo.
Certas músicas sensibilizam tanto nossa mente que através delas podemos nos aproximar de Deus, entrar em sintonia espiritual, alcançar a essência angelical. Têm o poder de nos conduzir à aura celeste parecendo nos transportar do mundo físico. Com isso, estabelecemos contato com experiências divinas, que vão além da matéria, sublimando nosso pensamento e nossas ações. Contudo, é preciso acreditarmos nesta possibilidade, desligando-nos da concretude do mundo e mergulhando em íntima meditação, procurando atingir energias que só captamos em harmonia com Deus.
Quando canto tenho esta deleitosa sensação. Quando canto pareço levitar e alcançar aquilo que minhas mãos não podem tocar, aquilo que meus olhos não podem divisar. A única coisa terrena a que me permito é ouvir minha própria voz, enveredando-me  por caminhos de êxtase, paz e serenidade. 


Bem diz o ditado: "quem canta, seus males espanta"

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